DEFE - Departamento Feminino da OMEBE

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O DEFE - Departamento Feminino tem como objetivo auxiliar as atividades da OMEBE junto as esposas de pastores e quaisquer outros membros do sexo feminino filiados.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

VIOLÊNCIA DOMESTICA CONTRA A MULHER

A violência doméstica contra a mulher assume três diferentes aspectos. O primeiro deles, é a violência de natureza moral,que ocorre quando o homem procura atingir a mulher na sua auto-imagem, na suas emoções, etc. Por exemplo, fazer constantes críticas diminuindo a parceira - a mulher é chamada de burra, de gorda, de inútil, etc ; tentar controlar todos os passos da mulher, por conta de um ciúme obsessivo; danificar objetos que tenham valor sentimental para ela; tentar separá-la de pessoas que lhe sejam importantes, como amigas de infância; ou ainda fazer chantagem do tipo “vou me separar e deixar você sem sustento”.

A violência física ocorre quando o homem fere fisicamente a mulher, mas sem haver conotação sexual na ação tomada. Esse tipo de violência é muito perigosa porque ela tende a ser crescente, podendo até chegar a uma tragédia, pois o homem vai perdendo a noção da dignidade da mulher, como ser humano.

Finalmente há ainda a violência de natureza sexual, quando o homem força o sexo, contra a vontade da sua parceira, por entender que ela é sua propriedade e está ali para satisfazê-lo, quando ele bem o entender.

Estudos recentes têm mostrado que a violência contra a mulher entre as pessoas que se dizem cristãs, tem caráter de "epidemia"  os números são assustadores. Infelizmente não temos dados específicos para a violência contra a mulher apenas entre os cristãos brasileiros, somente dados para a população como um todo. Assim temos que nos valer de dados de outros países e fazer uma correlação para a nossa realidade.

Uma pesquisa recente, conduzida pela organização Kyria (http://www.kyria.com/), nos Estados Unidos, envolvendo 1800 mulheres cristãs, mostrou que 52% delas já tinha sofrido violência moral, 30% foram vítimas de violência física e 18% sofreram violência de natureza sexual. Esses números são muito parecidos com os da população americana em geral, conforme indicado no livro "Refuge", escrito pelo policial aposentado Don Stewart, que colheu dados sobre violência doméstica durante quase 30 anos e indica que 25% das mulheres americanas sofre violência física.

Ora, o Brasil é um país mais machista que os Estados Unidos, por isto mesmo os números da violência contra as mulheres aqui, para a população em geral, são piores do que para os americanos. Isso me permite crer na tese de que também devemos ter, entre os cristãos, um alto índice de violência doméstica, pois "nossos cristãos não são melhores do que os deles".
E essa "epidemia" entre os cristãos, tanto em outros países, como aqui, é particularmente preocupante por duas razões. A primeira delas é porque era de se esperar que a adesão ao cristianismo trouxesse uma mudança de comportamento entre os homens - aqueles que foram verdadeiramente tocados pelos ensinamentos de Jesus, deveriam ser muito mais amorosos e pacíficos -, mas não é isso que ocorre na prática.

Em segundo lugar porque as igrejas cristãs têm muita dificuldade de lidar com esse problema, pois dão alta importância à preservação do casamento e situações em que a separação parece ser a única saída tende a colocar as pessoas "numa saia justa".

A isso se soma o fato que o praticante da violência é muitas vezes manipulador: ele se derrama em pedidos de perdão, diz que o Espírito Santo tocou seu coração, promete não repetir o erro, etc. E a mulher é pressionada a perdoar e aceitar o parceiro de volta, o qual, frequentemente, acaba repetindo seu comportamento violento.

E o pior é que, muitas vezes, o conselho dado à mulher que sofre com a violência é pedir que ela se esforce mais ainda – faça a comida preferida do marido, fique mais disponível para o sexo, o trate com mais carinho, etc -, para melhorar a situação. E isso não é verdade, porque em casos de violência, o problema está na pessoa violenta, o homem, e ele é que teria que mudar. É assim ainda se joga sobre a mulher uma responsabilidade que ela não tem.

O DESPREPARO DAS IGREJAS

As igrejas estão muito despreparadas para lidar com essa questão. A violência não é um problema normal e as técnicas normais de aconselhamento conjugal - diálogo, arbitragem de conflitos, oração em conjunto, etc - podem não se mostrar eficazes para ela. E é fácil de ver porque: como uma mulher aterrorizada pelo marido pode discutir abertamente suas questões pessoais, com ele presente, sem ter absoluta certeza que, ao voltar para casa, sua integridade será preservada?

Na verdade, há aí, algumas vezes, um dilema ético – lutar pela manutenção da união ou pela segurança da mulher. E o ensinamento bíblico, nesses casos, é privilegiar a vida, pois ela vem sempre em primeiro lugar. Ou seja, é preciso pensar primeiro na segurança da mulher.

Mas, também é preciso ter em conta que toda e qualquer alegação de maus tratos deve ser apurada, antes de haver uma posição mais firme da liderança da igreja em relação ao dito agressor. Afinal, mulheres também podem recorrer à violência moral contra seus parceiros - nesse caso a difamação. Eu também já vi isso acontecer. Todo cuidado é pouco.

ARGUMENTOS QUE PERPETUAM O ABUSO CONTRA A MULHER 

Três argumentos, muito usados nas igrejas, que acabam, indiretamente, contribuindo para a perpetuação do abuso doméstico. O primeiro deles é quando se fala para a mulher: "Ore que o Espírito Santo vai mudar seu parceiro, mas continue com ele, firme, até que isso ocorra".

Ora, isso não faz sentido. Não é justo pedir que uma pessoa corra riscos pessoais e nem acho que Deus espera isso de ninguém, muito pelo contrário. Um exemplo ajuda a entender bem o que estou dizendo: imagine que tenho uma infecção grave e o médico me receitou antibiótico, embora tenha me alertado que corro risco de vida. É claro que eu vou orar fervorosamente pedindo a cura, mas não vou deixar de tomar o antibiótico receitado. Ninguém, em sã consciência, faria isso. Não faz sentido

Em outras palavras, se um homem é perigoso, até que ele seja curado pelo Espírito Santo, não lhe deveria ser permitido colocar sua parceira em risco. Precauções para afastá-lo do convívio precisam e devem ser tomadas. E quando a cura ocorrer, se ocorrer, aí sim deve-se pensar novamente numa vida comum da parceira com ele.

Outra abordagem errada é apelar cegamente para o perdão. Perdoar não é o mesmo que ser ingênuo. Um alcoólatra vai pedir 100 vezes perdão e voltar a beber. E a família não deve ficar exposta a isso e sim interná-lo numa instituição adequada.

O perdão de que Jesus fala significa outra coisa, muito diferente. Perdoar não é expor a pessoa que perdoa a passar pela mesma experiência, repetidas vezes. Fazer isso é burrice pura e simples.

Finalmente existe o texto de 1 Pedro capítulo 3, versículos 3 a 6, que fala que a mulher deve ser submissa ao marido e é muito usado pelos homens, que se acham no direito de disciplinar e controlar suas mulheres por conta disso. Não tenho espaço aqui para fazer uma análise aprofundada desse texto, para discutir o que o Apóstolo Pedro quis dizer, mas basta lembrar que o versículo 7, logo adiante, deixa claro que o marido deve honrar a mulher e que ela é herdeira, com ele, da graça da vida. Ou seja, os homens não têm um direito dado por Deus para cometer arbitrariedades. E as mulheres jamais devem ser ensinadas, como algumas igrejas fazem, que se submeter e aguentar qualquer tipo de coisa, é o que Deus pede a elas. Não há nenhum ensinamento na Bíblia nesse sentido e quem diz isso, erra.

O QUE A IGREJA PODE FAZER

Em primeiro lugar, não criticar a mulher que passa por esse tipo de situação. É preciso lembrar que é muito difícil para uma mulher sair de um processo de abuso, especialmente se ela têm filhos e não é financeiramente independente.

Em segundo lugar, ter sempre em mente que a segurança da mulher é o maior valor com o qual se está lidando nesses casos, conforme comentei acima.

Em terceiro lugar, não permitir que os textos bíblicos sejam manipulados para justificar uma situação de abuso. A Bíblia zela pela dignidade do ser humano e qualquer coisa que contraria isso está errada.

Em quarto lugar, treinar os líderes das igrejas para enfrentar melhor esse tipo de situação - não é porque alguém é pastor que ele sabe tratar de uma situação como essa. E lembrar também que frequentemente as mulheres vão preferir falar com outras mulheres, particularmente se o assunto envolver questões sexuais.

Finalmente, as igrejas devem se preparar com antecedencia para situações de emergencia: ter uma lista de entidades que dão apoio às mulheres e seus filhos, providências legais que precisam ser tomadas, etc.

Em conclusão, o sofrimento de muitas mulheres merece ser melhor compreendido e apoiado e esse é um dever ao qual as igrejas cristãs não podem se furtar a enfrentar.
(Vinícius Moura)
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E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé!
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